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sábado, 24 de novembro de 2012

Gonzaga no Brasil e em Recife

Depois de quase um mês no circuito comercial dos shoppings e multiplex, o filme Gonzaga: De Pai pra Filho chegou ao Cine São Luiz. Em todo o Brasil, o filme já atraiu mais de 1 milhão de espectadores aos cinemas, principalmente no Nordeste, onde foi lançado com mais cópias do que sucessos garantidos como 007: Operação Skyfall.

No São Luiz, o filme será exibido às 14h20, 16h50 e 19h30 (não haverá exibição nas segundas-feiras e a primeira sessão não ocorre nos sábados e domingos). Os ingressos custam R$ 4 e R$ 2 (meia).

Leia resenha sobre o filme:
Luiz Gonzaga, além de ser um legítimo representante do folclore nordestino, antecipou o fenômeno do artista pop. Suas músicas respeitavam a tradição, mas sua popularização está diretamente associada ao desenlvolvimento da cultura de massa, do rádio, da indústria fonográfica e da televisão. O filme Gonzaga de Pai pra Filho é, portanto, coerente em seu estilo popular, que parece ter sido calculado, em todas as cenas, para seduzir e emocionar as massas.

O Rei do Baião exerce um forte peso afetivo sobre a maioria dos brasileiros. Músicas como Asa Branca ou Qui Nem Jiló se transformaram em verdadeiros hinos na vida das pessoas, sobretudo no Nordeste. Entre as novas gerações, no entanto, essa herança corre o risco de se perder. O filme chega em uma boa hora, pois atingirá os corações dos mais velhos e enfrentará o desafio de encantar os mais jovens.

Independente de questões de estética ou mercado, o filme é sim comovente e pode fazer espectadores mais sensíveis chorarem do início ao fim. A estrutura é hollywoodiana, mas isso fica na superfície, pois o conteúdo é brasileiríssimo no som, nas imagens e nas histórias reais. A dramaturgia tem alguns elementos ruins de telenovela, mas a caracterização dos personagens se sobressai, principalmente na última fase cronológica do filme, quando Gonzaguinha é interpretado pelo ator gaúcho Júlio Andrade e Luiz Gonzaga pelo caruaruense Adélio Lima.
Diretor de 2 Filhos de Francisco, o cineasta Breno Silveira não tem a obrigação de repetir o mesmo sucesso de bilheteria. Entretanto, trata-se de mais uma cinebiografia de personagens que saíram da pobreza no interior do país para conquistar a consagração nacional. Tudo conspira a seu favor.

Com os fillhos de Francisco, havia uma impressionante trajetória de dores e conquistas de dois artistas cuja obra é considerada cafona. Mesmo assim, o cineasta conseguiu fazer um filme que emocionou e impressionou até mesmo os críticos musicais mais exigentes. Em Gonzaga de Pai pra Filho, o caminho parece ser o contrário. Há um acervo musical respeitadíssimo, mas já preso ao passado, que precisa ser atualizado e popularizado por meio de recursos cinematográficos baseados em critérios assumidamente comerciais. Assim como Luiz Gonzaga precisou do caminho midiático do Rio de Janeiro para ser reconhecido, Breno Silveira busca a linguagem de Hollywood para contar a história do cantor e de sua relação com o filho Gonzaguinha.

Em biografias levadas ao cinema, há normalmente dois caminhos a serem seguidos. Um deles é mostrar toda a vida do personagem de maneira panorâmica. O outro é concentrar a narrativa em um momento específico e transmitir sua personalidade forma aprofundada. Gonzaga tenta as duas coisas ao alterna o reencontro.
 
Diário de Pernambuco
 

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